31 dezembro 2013

Ano Novo

Havia fogos coloridos para todo lado. Algumas pessoas se machucavam, mas todos se divertiam. Com essa prática, as pessoas da maioria dos países festejavam a passagem de um ano para outro. Meu avô me contou que esses fogos já eram usados, em relação à época de seus pais, há mais de dois mil anos, em festas na China.
Foram sendo modificados em outros países, com a descoberta de novas combinações químicas para aumentar o efeito de luzes e som. Até que foram proibidos por conterem agentes poluidores do meio ambiente, além de causarem uma série de acidentes. Os fogos de artifícios do tempo dos pais dos meus avós, segundo me contaram, aumentavam a emissão de gás carbônico na atmosfera, liberavam substâncias tóxicas, provocavam incêndios, alteravam a rotina de muitos animais por causa da intensidade do som.
Meus avós se lembram ainda de festas com fogos de artifício do tempo em que eram crianças. Eles eram usados em festas folclóricas, nas passagens de ano, em festas de família e muitas outras ocasiões. Perguntei se continuaram e como faziam os festejos depois que os fogos foram proibidos. Eles disseram que havia projeções holográficas de cores e luzes, com som, que eram melhores de noite e principalmente em noites nubladas. No início, o som que acompanhava as luzes imitava o barulho dos fogos de artifício, até ser substituído por músicas.
Hoje, na passagem de ano, depois que cheguei da escola, meus avós me contaram que naquele tempo essas datas eram feriados. Não se trabalhava, nem se estudava, nada. Aliás, feriado é outra coisa que foi abolida com o passar dos anos e séculos. Hoje todo dia é dia de se fazer tudo. A gente descansa durante o dia, trabalha e estuda, mas não existe um dia para não fazer nada. Festejamos as datas importantes sem deixar de fazer o que fazemos todos os dias. O calendário foi preservado na forma que existia no tempo dos avós dos meus avós, mas o último dia do ano e o primeiro do outro não têm distinção. São dias como são todos os outros dias, porque temos muito que fazer para manter a vida.

29 dezembro 2013

Um menino comum

Sou um menino comum. Como todos são comuns no meu tempo. Falo isto porque sempre fico me comparando aos meninos que existiam no tempo da minha avó, ou até antes dela. Por isso que digo: sou um menino comum. Não há distinção entre mim e os outros meninos, nem entre mim e as outras pessoas todas que conheço aqui e em outras cidades do mundo. Mas não me canso de ficar surpreso com as histórias que minha avó ainda me conta. Então resolvi começar a registrar essas histórias neste espaço. Para que outras pessoas tenham a oportunidade de conhecê-las e também ficarem surpresas e entenderem por que temos que preservar nosso Planeta e nossas relações humanas do jeito que estão hoje.

15 dezembro 2013

Apresentação

Este é um exercício literário sobre um personagem que surgiu a partir de meu sentimento de indignação por uma série de episódios que vêm ocorrendo no dia a dia. Mino, que poderia ser Maria, Zezé ou João, é uma suposição do que pode vir a acontecer em um futuro não muito distante em consequência de todos os problemas criados pelas criaturas atuais.
O menino chamado Mino é descendente de sobreviventes da vida no Planeta, que teve não só o meio ambiente danificado, como também todas as relações entre os seres humanos (política, religiosa, econômica, sociais). Ele manifesta sua estupefação ao tomar conhecimento de fatos que hoje nos rodeiam, por meio de histórias contadas por uma avó com bastante idade (ultrapassou a expectativa de vida da nossa época). Mino passa a comparar o que ela conta com o que acontece no seu tempo. Constata que em alguns casos é bem melhor viver o seu cotidiano e fica admirado ao ver que a avó conseguiu sobreviver a tanta destruição.
As crônicas de um provável futuro representam um desabafo sobre ocorrências do presente, que envolvem a violência em suas mais diversas formas, a impunidade multiplicada, os desmandos dos homens públicos, as agressões ao meio ambiente e ao próprio ser humano. Esta é uma tentativa de reconstruir a realidade por meio da narrativa de uma criatura ficcional, que ao registrar as histórias contadas pela avó faz com que os fatos reais ganhem características de ficção.