Havia fogos coloridos para todo lado. Algumas pessoas se machucavam,
mas todos se divertiam. Com essa prática, as pessoas da maioria dos países
festejavam a passagem de um ano para outro. Meu avô me contou que esses fogos
já eram usados, em relação à época de seus pais, há mais de dois mil anos, em
festas na China.
Foram sendo modificados em outros países, com a descoberta
de novas combinações químicas para aumentar o efeito de luzes e som. Até que foram
proibidos por conterem agentes poluidores do meio ambiente, além de causarem
uma série de acidentes. Os fogos de artifícios do tempo dos pais dos meus avós,
segundo me contaram, aumentavam a emissão de gás carbônico na atmosfera,
liberavam substâncias tóxicas, provocavam incêndios, alteravam a rotina de
muitos animais por causa da intensidade do som.
Meus avós se lembram ainda de festas com fogos de artifício
do tempo em que eram crianças. Eles eram usados em festas folclóricas, nas
passagens de ano, em festas de família e muitas outras ocasiões. Perguntei se
continuaram e como faziam os festejos depois que os fogos foram proibidos. Eles
disseram que havia projeções holográficas de cores e luzes, com som, que eram
melhores de noite e principalmente em noites nubladas. No início, o som que
acompanhava as luzes imitava o barulho dos fogos de artifício, até ser
substituído por músicas.
Hoje, na passagem de ano, depois que cheguei da escola, meus
avós me contaram que naquele tempo essas datas eram feriados. Não se
trabalhava, nem se estudava, nada. Aliás, feriado é outra coisa que foi abolida
com o passar dos anos e séculos. Hoje todo dia é dia de se fazer tudo. A gente
descansa durante o dia, trabalha e estuda, mas não existe um dia para não fazer
nada. Festejamos as datas importantes sem deixar de fazer o que fazemos todos os
dias. O calendário foi preservado na forma que existia no tempo dos avós dos
meus avós, mas o último dia do ano e o primeiro do outro não têm distinção. São
dias como são todos os outros dias, porque temos muito que fazer para manter a
vida.
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