Tive vontade de saber
como seria frequentar uma escola do tempo da minha avó. Ela me contou que ainda
pequena saía de casa e era deixada em uma escola com crianças da mesma faixa
etária. Os mais velhos ficavam em outra instituição. Mas a geração dela foi a
última a ir para uma escola. A partir da sua irmã, que nasceu dois anos depois,
os recém-nascidos passaram a receber toda informação e aprendizado escolar em
arquivos compactados inseridos no sistema nervoso por meio de chips. Os
responsáveis pela criança ficavam encarregados de ir liberando as informações
de acordo com a programação do sistema de ensino.
Desde que minha avó me
contou que saía de casa para ir a uma escola fiquei imaginando como seria isso.
Ela disse que as crianças eram distribuídas em várias salas e que havia pessoas
adultas que transmitiam todas as informações escolares. Eram professoras e
professores que sabiam mais que as crianças e ensinavam vários assuntos, da
matemática às línguas faladas na época. Eram muitas crianças em cada sala, que nos
intervalos do ensino saíam para brincar em um pátio interno. Depois voltavam
para a sala para continuar o aprendizado.
Ela passava na escola
mais da metade do dia. Ia de manhã cedinho e retornava no final da tarde, cheia
de histórias para contar. Conhecia muitos meninos e muitas meninas e com eles
às vezes fazia passeios fora da cidade. Alguns desses colegas minha avó
conservou como amigos pelo resto de sua vida e, com certeza, eles também contam
suas experiências para seus netos.
Se eu fosse para uma
escola ia querer conversar com o adulto que ensina as crianças. Ele ou ela deve
ter bastante conhecimento para transmitir. Minha avó disse que o melhor de tudo
era brincar com os colegas. Ela só conversava com o professor se fosse
necessário. Ela lembra que eles eram rigorosos com a disciplina e não gostavam
muito de conversar com as crianças se não fosse sobre o assunto tratado no
ensino.
Naquele momento minha mãe
me alertou que estava na hora de eu me concentrar na nova carga de informações
que seriam liberadas. Era minha escola e eu tinha que esquecer um pouco o sonho
de frequentar uma instituição como as de minha avó.
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